CRISTIANISMO REFLEXIVO
Podemos imaginar os vários tipos de investigação teológica como dispostos num amplo leque de reflexões. Por reflexão entendemos o pensamento formalizado — o uso da mente na organização dos pensamentos e crenças, visando ordená-los de forma coerente entre si e tentando identificar e excluir contradições flagrantes, para obter a certeza de que há boas razões para interpretar a fé cristã do modo como fazemos. A reflexão, portanto, envolve certa dose de pensamento crítico, pois questiona as nossas formas de pensamento, a razão por que cremos e o nosso comportamento. Normalmente exige o exercido da lógica (embora rudimentar) e alguma consciência histórica (ciência de fontes históricas e do desenvolvimento das ideias), Item como certa dose de objetividade para com as crenças e práticas que esposamos.
O leitor pode estar pensando: “Por que a reflexão deveria fazer parte do cristianismo? Afinal, não se presume que os cristãos creiam como crianças e simplesmente concordem, mediante a fé cega, com o que lhes proscreve a Palavra de Deus?”. Acima definimos teologia como fé em busca de entendimento. E quando citamos a reflexão referimo-nos ao esforço intelectual, que se inicia com a certeza acerca de Deus e sua Palavra e tenta descobrir o que realmente está subentendido no crer e no viver, A teologia de fato admite a possibilidade de termos crido incorreta ou incompletamente. Nem Deus nem sua Palavra podem estar errados, mas com certeza pode haver equívocos de nossa parte na interpretação e aplicação das Escrituras. A reflexão é imprescindível a qualquer processo de amadurecimento de ideias.
O filósofo ateniense Sócrates defendia este lema: “A vida não examinada não vale a pena ser vivida”. Com “vida não examinada” ele se referia ao viver sem reflexão — viver momento após momento sem questionar o que cremos ou o modo como nos comportamos. Declaramos que, de certo modo, “a fé não examinada (não refletida) não vale a pena ser vivida”. Em outras palavras, parte do processo de amadurecimento na fé cristã consiste em examinar — de forma crítica — nossa crença e estilo de vida, bem como de outras pessoas. Isso, contudo, não significa pôr de lado os compromissos de fé durante o processo. Não podemos refletir sobre o vácuo! A reflexão pode ser expressa pelo simples gesto de reclinarmos para trás — ou de entrarmos numa biblioteca — a fim de examinar nossos valores e comportamentos secundários à luz de nossas crenças e valores centrais. “Será que são consistentes? Existe uma inteireza — integridade — no que creio e em como vivo minha vida?” Esse é o começo da fé reflexiva.
As teologias, portanto, estendem-se num amplo leque de reflexão. Numa extremidade está o que chamaremos “teologia popular”, e na outra, o seu oposto: a “teologia acadêmica”. No espaço entre ambas situam-se vários níveis de teologia — algumas menos reflexivas quanto ao enfoque na fé cristã, outras mais. Mais próxima do centro que a teologia popular está a teologia leiga, e a mais central de todas é a teologia ministerial. Movendo-nos mais para a outra extremidade do leque, encontramos a teologia profissional e finalmente — na extremidade oposta à teologia popular — situa-se a teologia acadêmica.
TEOLOGIA POPULAR
Que é teologia popular? Empregamos o termo para descrever a crença não refletida, baseada na fé cega e em alguma espécie de tradição, Não pretendemos com esse rótulo criticar a fé singela dos santos que nunca foram instruídos em teologia formal.
Conhecemos autênticos servos de Deus que vivem a vida cristã de maneira profunda, mas não têm habilidade para articular suas crenças ou analisá-las de forma crítica. Pelo contrário, empregamos o termo para identificar a teologia que rejeita a reflexão crítica e entusiasticamente abraça a aceitação simplista da tradição informal de crenças e práticas, formada primordialmente por clichês e lendas.
A teologia popular pode ser encontrada em todas as denominações e com grande frequência entre pessoas que se consideram cristãs (ou pelo menos afirmam crer em Deus), mas não são membros de nenhuma denominação ou igreja. De modo geral, a teologia popular rejeita qualquer reflexão na esfera religiosa.A devoção espiritual profunda e a reflexão intelectual são consideradas antitéticas na teologia popular.
A maioria dos adeptos da teologia popular jamais a consideraria “teologia” Contudo, em nossa acepção ampla do termo, assim a definimos, porque contém respostas às perguntas fundamentais sobre a vida e busca elaborar um arcabouço para a crença e a vivência da fé cristã. A teologia popular é muitas vezes intensamente experimental e pragmática — ou seja —, os critérios para a verdadeira crença são os sentimentos e os resultados. Ela se materializa e se perpetua por meio de “frases de para-choque” cristãs: refrãos, clichês e lendas.
Na década de 1950, uma canção popular cristã transmitia a seguinte mensagem: “Se estou sonhando, deixe-me continuar sonhando!” Um cético dissera ao autor, cristão devoto, que sua fé não passava de um castelo no ar. A resposta veio no título da canção.
Na década de 1960, em que supostos teólogos cristãos proclamavam a “morte de Deus” apareceu um adesivo popular que declarava: “Meu Deus não está morto. Lamento pelo seu!”.
Nas décadas de 1970 e 1980, milhares de jovens cristãos usavam a frase “Nosso Deus é um Deus poderoso!” para sintetizar sua crença, e muitos cristãos começaram a assistir aos televangelistas em vez de comparecer à igreja. Os televangelistas e seus convidados relatavam histórias sensacionalistas com pouca substância e nenhuma comprovação. Essas narrativas populares, no entanto, fizeram sucesso e alastraram-se como incêndio pelas congregações dispersas. Uma dessas “evangelendas” anunciava a descoberta do inferno por cientistas russos que tentavam cavar um buraco até o centro da terra. Outras “evangelendas” davam “sustentação” à crença cristã, e nelas muitos cristãos fixavam sua fé: Triângulo das Bermudas, anjos que pedem carona ou a descoberta do dia perdido de Josué graças à ajuda de sofisticados equipamentos astronômicos.
A característica principal da teologia popular é o apego a tradições orais sem substância, bem como a recusa em medi-las por qualquer parâmetro (bases para crer). Simplesmente elas são cridas porque soam espirituais ou porque são comunicadas por alguém considerado espiritual ou que transmite uma sensação espiritual. Qualquer tentativa de examiná-las objetivamente é evitada e muitas vezes qualificada como “carnal”.
Um exemplo contemporâneo de teologia popular é a onda de interesse por anjos. Entre em qualquer livraria — secular ou religiosa — e encontrará dezenas de livros sobre anjos e outros seres sobrenaturais. Quase sempre a base dos registros é pura teologia popular — histórias inverificáveis de encontros com anjos que levam a conclusões sobre os atributos desses seres. Alguns desses livros até mesmo encorajam o leitor a estabelecer contato com “seu anjo interior”.
A teologia popular fica evidente quando alguém adota o que é informado e defendido nesses livros (e também nos programas de televisão, sermões, fitas de áudio e de vídeo, e assim por diante) sem razão melhor que a de soar espiritual ou trazer algum conforto. E resistem a qualquer comentário corretivo ou cauteloso com algo do tipo: “Não me confunda. Já tomei minha decisão”. A teologia popular, portanto, é a crença não refletida que se deleita com sentimentos subjetivos produzidos por clichês ou lendas e recusa submeter-se a exame. Em termos gerais, sente-se bastante confortável com sua inconsistência interior e com a crença não questionada em histórias sensacionalistas e em frases de efeito — os principais meios pelos quais é comunicada.
A teologia popular, por seu conformismo, é imprópria para a maioria dos cristãos. Ela estimula a ingenuidade, a espiritualidade forçada e respostas simplistas aos difíceis dilemas com que deparam os seguidores de Jesus Cristo neste mundo predominantemente secular e pagão. Retarda o crescimento e embota a influência do cristianismo no mundo. Além disso, muitas vezes é difícil distinguir a teologia popular cristã das respostas enlatadas e sorrisos postiços exibidos pelos membros de seitas que mascateiam de porta em porta suas “novas revelações”.
Teria a teologia popular algum valor para a fé reflexiva? Poderia ela ser uma fonte para os teólogos leigos e profissionais? Embora a teologia popular não seja adequada como patamar para cristãos que pensam e procuram articular suas crenças, reconhecemos que teólogos leigos, ministeriais e profissionais podem aprender sobre os anseios do coração das pessoas. As lendas e clichês que vicejam a teologia popular revelam as necessidades, indagações e anseios espirituais das massas. Não devemos ignorá-los, pelo contrário, é nosso dever recorrer a eles a fim identificar os recursos de que dispõe a fé reflexiva para atendê-los e dar-lhes respostas.
TEOLOGIA LEIGA
A teologia leiga representa, quanto ao nível de reflexão, um passo acima e além da teologia popular. Na realidade, se a reflexão caracteriza a diferença entre a teologia popular e a teologia leiga, a última pode ser descrita como o avanço radical em relação à primeira! A teologia leiga surge quando o cristão comum começa a questionar os clichês e lendas simplistas da teologia popular. Ela emerge quando o cristão escava profundamente os recursos de sua fé, reunindo mente e coração na sincera tentativa de examinar e entender essa fé. A teologia leiga pode carecer das sofisticadas ferramentas dos idiomas bíblicos e da consciência lógica e histórica, porém busca, com os recursos de que dispõe, integrar as crenças cristãs num todo bem fundamentado e coerente, questionando tradições infundadas e eliminando flagrantes contradições.
Um exemplo de teologia leiga ocorreu quando um cristão comum começou a refletir sobre as palavras cantadas no culto. Ele notou que o líder do louvor escolhia hinos que pareciam discrepantes entre si e contradiziam os sermões. No domingo de missões, o pregador convidado proferiu um sermão de avivamento sobre o iminente retomo de Jesus Cristo e a necessidade de evangelizar o mundo a fim de prepará-lo para sua chegada. O quadro retratado pelo evangelista era sombrio — o mundo em crescente escuridão, pecado e erro. Então, Cristo chegaria para derrotar os inimigos do Reino e dar início ao glorioso reinado de mil anos com seus santos na terra!
O leigo reconheceu a visão defendida de forma geral por sua denominação e até sabia o termo teológico para ela — pré-milenarismo. Imediatamente após o sermão, o líder do culto convidou a congregação a ficar de pé e cantar o hino final: We’ve a story to tell to the nations [Temos uma história para contar às nações]. Pela primeira vez, aquele cristão refletiu sobre as palavras do hino à luz do sermão e descobriu uma grave inconsistência. A canção sugere que o Reino milenar de Cristo chegará gradualmente pelo evangelismo e pela ação social: “... e a escuridão se tornará alvorada, e a alvorada, meio-dia brilhante, e o grande Reino de Cristo virá sobre a terra, Reino de amor e luz”. “Isso é pós-milenarismo”. concluiu. Após o culto, aproximou-se de um membro da equipe pastoral e educadamente perguntou se ele havia notado a discrepância. Foi repelido com uma resposta que classificava aquela reflexão como nociva ao “espírito de adoração” — teologia popular!
A igreja precisa de mais teólogos leigos como o homem dessa história! Cristãos que pensam podem ajudar a igreja a “rever suas ações” e a apresentar a si mesma e ao mundo uma face consistente, de uma organização que sabe o que crê e por que razão crê no que proclama. Lamentavelmente, porém, a própria teologia leiga, apesar de singela e respeitosa, é tratada pelos que preferem a teologia popular como evidência de diminuição da espiritualidade. Essa reação desencoraja e intimida outros leigos que desejam uma fé mais madura e racional e dá a impressão de que os cristãos em geral são antiintelectuais e preferem confortáveis mitos à fé racional.
TEOLOGIA MINISTERIAL
A teologia ministerial é a fé refletida por ministros treinados e educadores nas igrejas cristãs. Eleva-se acima da teologia leiga quanto ao nível de reflexão exigido. A teologia ministerial não é exclusiva de obreiros ordenados ou profissionais eclesiásticos. A igreja tem grande necessidade de leigos nas áreas de ensino, pregação, exortação e evangelismo. Dando-se conta dessa carência, muitas igrejas criam centros de treinamento informais para encaminhá-los à teologia semiprofissional. Além disso, muitos deles frequentam escolas bíblicas e seminários noturnos ou fazem cursos por correspondência para enriquecer sua capacidade de interpretar a Bíblia e aplicá-la à vida cotidiana neste mundo cada vez mais pós-cristão.
A teologia ministerial, em sua melhor forma, utiliza ferramentas normalmente disponíveis apenas no âmbito do estudo formal — conhecimento básico de idiomas bíblicos ou pelo menos habilidade no uso de concordâncias, comentários e outros auxílios impressos, além de perspectiva histórica acerca do desenvolvimento da teologia no transcurso das eras e pensamento sistemático perspicaz apto a reconhecer inconsistências entre crenças e a estabelecer a coerência entre um item da fé e outro. A teologia ministerial, portanto, encontra-se em algum lugar entre a reflexão incipiente do leigo em fase de amadurecimento e o raciocínio sofisticado do teólogo profissional.
TEOLOGIA PROFISSIONAL
A teologia profissional é um passo adiante no leque da reflexão e do preparo teológico. O teólogo profissional é alguém cuja vocação requer habilidade com as ferramentas mencionadas no parágrafo anterior e consiste em instruir leigos e obreiros a utilizá-las. É natural que os teólogos profissionais visem elevar seus alunos a um patamar acima da teologia popular, formando neles a consciência crítica que questione pressupostos e crenças infundados. Para fazê-lo, precisam ter consciência crítica. Isso, às vezes, parece a outros ceticismo e hostilidade à devoção e à espiritualidade. E os teólogos profissionais debatem-se diante dessa visão — muitas vezes em grande agonia.
Nós (Stanley e Roger) entramos na sala de professores de uma proeminente faculdade cristã de artes para travar um diálogo sobre a integração entre fé e aprendizado com professores de diferentes disciplinas. Bastou que sentássemos e nos soltássemos na conversa para que um membro do corpo docente repelisse uma parábola que ouvira sobre teólogos. De acordo com a história, um pobre cristão surpreendido pela noite vagava em círculos numa floresta escura, tentando descobrir o caminho de saída guiado por uma pequena vela. De repente apareceu um teólogo e apagou-a. Evidentemente, a vela da parábola representa a teologia popular, e o que assopra a vela, o teólogo profissional! De nossa parte, mudaríamos a parábola. Um homem vagava pela floresta, e escurecia. Infelizmente, o pobre homem simplesmente ficava andando em círculos porque usava apenas uma lanterna fraca para enxergar o caminho. Então, apareceu um teólogo e forneceu novas baterias para a lanterna, além de lhe mostrar a direção que o tiraria da floresta. Para ajudar o ser humano que andava em círculos, o teólogo teve de fazer uma análise das baterias que fraquejavam!
Os teólogos profissionais às vezes têm a sensação de que alguns cristãos investiram tanto na teologia popular que preferem que ninguém lhes mostre quão inútil ela é para responder aos difíceis questionamentos levantados contra a fé cristã neste mundo em progressivo escurecimento. Talvez os teólogos profissionais não consigam ajudar os que teimam em viver a vida cristã apenas com o auxílio precário da teologia popular, mas sua principal tarefa ou contribuição reside em servir aos teólogos leigos e ministros — ensinando pastores em seminários, faculdades e universidades ligadas a igrejas e escrevendo livros e artigos para ajudar teólogos leigos e ministeriais em suas jornadas de reflexão. Em sua melhor expressão, a teologia profissional exerce o papel de serva, e não o papel senhoril. Ou seja, o teólogo profissional serve à comunidade cristã ajudando pessoas a pensar como Cristo, a fim de que possam ser mais eficazes no testemunho e no serviço, tanto na igreja quanto no mundo.
TEOLOGIA ACADÊMICA
Na extremidade do leque — além da teologia profissional e totalmente oposta à teologia popular —, está a teologia acadêmica. É altamente especulativa, quase filosófica e visa, sobretudo, a outros teólogos. Nem sempre está ligada à igreja e pouca relação tem com a vida cristã autêntica.
Os teólogos profissionais podem beneficiar-se com o estudo da teologia acadêmica, e normalmente exige-se deles que a estudem até o ponto de obterem seus títulos, contudo, a igreja e os cristãos individuais que lutam no mundo real pouco lucram com ela. Considerando que o teólogo acadêmico se dedica intensamente à reflexão, ele pode levar essa reflexão, que é uma coisa boa, longe demais, separando-a da fé e buscando o entendimento em proveito próprio. Em sua pior versão, a teologia acadêmica segue o lenda “Acreditarei somente no que posso entender”, o que é bem diferente da “fé em busca do entendimento”. O romancista contemporâneo John Updike escreveu um romance inteiro sobre os conflitos entre algumas das teologias descritas acima. A personagem principal de Roger’s Version é Roger Lambert, professor de meia-idade que leciona história da teologia numa escola teológica da Nova Inglaterra. Ele tipifica o teólogo acadêmico mais Interessado no que pensa sobre Deus que no próprio Deus! Logo no início da história, encontra um jovem e sincero teólogo popular — que estuda informática na mesma escola — empenhado em provar a existência de Deus por meio de programas de computador e sem nenhum interesse pela teologia formal, acadêmica. Seus encontros e interações proporcionam um interessante — mas não necessariamente edificante! — estudo de caso sobre os extremos do leque da reflexão teológica. Muito antagonismo para com a teologia emerge do equívoco de dois homens que professam lados opostos da teologia — o estudante refratário ao pensamento crítico que demoniza a reflexão, equiparando-a ao pecado da dúvida, e o professor arrogante e indiferente que despreza as dúvidas e preocupações dos cristãos comuns.
TEOLOGIAS INTERDEPENDENTES
A teologia popular e a teologia acadêmica possuem pouco valor — exceto quando se escreve a narrativa repleta de tensões e conflitos situada numa escola universitária de teologia. Na realidade, elas às vezes oferecem perigo à tarefa de examinar, entender e articular a fé cristã. As teologias situadas nos espaços entre esses extremos são todas necessárias e benéficas e de fato se entrelaçam. Teólogos ministeriais devem usar as ferramentas e métodos dos teólogos profissionais para instruir e aprimorar os teólogos leigos, a fim de que estejam preparados para justificar sua esperança aos que dela lhes pedirem conta (1 Pedro 3.15).
A igreja cristã e cristãos que individualmente buscam crescer na fé precisam de teologia leiga, ministerial e profissional. Evidentemente nem todo cristão precisa tornar-se teólogo profissional. Porém, cristãos leigos que buscam aumentar a compreensão de sua fé e crescer acima da teologia popular precisam da ajuda de teólogos ministeriais, que por sua vez utilizam as ferramentas, o treinamento e as descobertas de teólogos profissionais. Teólogos profissionais precisam da comunidade de cristãos leigos conduzida por ministros como contexto para pensar e refletir criticamente. Seu propósito é servir a essa congregação — até mesmo quando seu serviço não for plenamente entendido ou apreciado.
Por isso, quando dizemos que “nem todas as teologias são iguais” não queremos dizer que a teologia profissional seja melhor que a ministerial ou que a teologia ministerial seja melhor que a leiga. Na verdade, estamos afirmando que as três são preferíveis à teologia popular. São igualmente valiosas entre si, embora envolvam níveis diferentes de habilidade na reflexão sobre a fé cristã e seu significado, são níveis interdependentes, e as linhas de comunicação entre eles precisam de fortalecimento. Sem a teologia ministerial e profissional, a teologia leiga com demasiada facilidade tende a recair na teologia popular. O jovem universitário do exemplo inicial deste capítulo em um teólogo leigo que escorregava para a teologia popular devido à recusa em aceitar correção e ajuda da teologia profissional.
A personagem de Roger’s Versions tomou-se teólogo acadêmico, pelo menos em parte, porque deslizou lentamente para o desprezo pela igreja e pelos cristãos “normais” e passou a valorizar os próprios pensamentos sobre Deus mais que a congregação do povo de Deus, à qual deveria servir. Esse é o destino mais comum dos teólogos profissionais que não mantêm contato regular com cristãos leigos e seus pastores.
Fonte:
GRENTZ Stanley J. e OLSON, Roger E.. Iniciação à Teologia: um convite ao estudo acerca de Deus e de sua relação com o ser humano. São Paulo: Editora Vida, 2006.
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