(Texto Áureo) “E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? ” (Atos 9.3,4)
“E, indo no caminho, aconteceu
que, chegando perto de Damasco, ” Por seu zelo destruidor e sua influência no conselho
(sinédrio), Saulo consegue com o sumo sacerdote de Jerusalém cartas para as
sinagogas de Damasco, capital da Síria. Por que Damasco? Saulo havia decidido
ir aos lugares mais distantes em sua missão de prender seguidores do Caminho.
Mas viajar 160 km em direção ao norte de Jerusalém era um empreendimento e tanto!
Para Saulo, isso seria compensado pela quantidade de mortes. Segundo Josefo, a
certa altura da história, dez mil judeus foram massacrados em Damasco uma forte
evidência de que em alguma ocasião vivia na cidade grande número de judeus.
Saulo também tinha acesso aos dados do censo. Ele sabia que muitos judeus renegados
haviam fugido de Israel para buscar refúgio na longínqua Damasco. Preparou,
então, uma estratégia agressiva para atacar a cidade, capturar os infiéis e
arrastá-los para o tribunal. Mas, Deus tinha outros planos, pois quase no fim
da viagem, prestes a entrar na cidade o apóstolo dos gentios, converteu-se à fé
de Cristo em um país gentio. O edito e decreto cruel que Saulo trazia consigo estava
perto de ser posto em execução. Mas felizmente foi impedido.
“...subitamente
o cercou um resplendor de luz do céu. ” Pelo que se segue (v.17), concluímos
que o Senhor Jesus estava nesta luz e lhe apareceu desta maneira. Ele viu o
Justo (cap. 22.14) e viu uma luz (cap. 26.13). Quer ele o tenha visto a
distância, como Estêvão o viu nos céus, quer o visse mais próximo no ar não
sabemos com certeza. A fim de que Paulo fosse apóstolo era necessário que ele
visse o Senhor, e ele o viu (I Coríntios 9.1; I Coríntios 15.8).
(1). Esta luz (v. 3) brilhou sobre Saulo subitamente, quando ele sequer pensava
em tal coisa e sem aviso prévio. As manifestações de Jesus para as pessoas são
muitas vezes súbitas e muito surpreendentes, e Ele as antecipa com as bênçãos
da sua bondade. Foi o que sucedeu com os discípulos que Jesus chamou para si.
Antes de eu o sentir (Cantares 6.12). (2) Era uma luz do céu (v. 3), a fonte da
luz, do Deus do céu, o Pai das luzes. Era uma luz mais intensa que o brilho do
sol (cap. 26.13), pois foi visível ao meio-dia e excedia o esplendor do sol na
sua força e fulgor meridiano (Isaías 24.23). (3) A luz cercou [...] Saulo, não só em torno
do rosto, mas do corpo inteiro. De qualquer lado que se virasse, ele estava rodeado
com a manifestação do milagre. O propósito disso era não só sobressaltá-lo e
despertar-lhe a atenção (para ouvir bem quando risse algo tão extraordinário
assim), mas também dar a entender a iluminação do seu entendimento com o
conhecimento de Cristo. O diabo entra na alma nas densas trevas. Deste modo,
ele obtém e mantêm a posse da alma. Mas Jesus entra na alma à plena luz, pois
Ele próprio é a luz do mundo, brilhante e gloriosa para nós, como a luz. A luz
é primeira coisa nesta nova criatura, como é na criação do mundo (2 Coríntios
4.6). Por conseguinte, todos os cristãos são filhos da Luz e filhos do dia (1 Tessalonicenses
5.5).
”E, caindo em terra, ouviu uma
voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? ” Ele caiu em terra (v.
4). Certos estudiosos defendem que ele estava a pé e que essa luz, talvez
acompanhada de trovão, causou-lhe tanto medo que ele não conseguiu se manter em
pé e caiu rosto em terra, a postura de adoração, nesse trecho, todavia, de
surpresa. E provável que ele estivesse a cavalo, como Balaão que montava uma
jumenta quando foi amaldiçoar Israel, e talvez cavalgasse melhor que ele, pois
Saulo estava em função oficial, tinha pressa e a viagem era longa, de forma que
não é provável que ele estivesse viajando a pé. A luz súbita amedrontaria o
cavalo no qual ele montava e o derrubaria. Foi a boa providência de Deus que o
corpo de Saulo não se machucasse com a queda. Essa voz era nítida
somente para ele, pois os demais ouviam apenas um som (v. 7), não distinguindo as
palavras (cap. 22.9). Saulo viu uma luz do céu e ouviu uma voz do céu (v. 4).
Sempre que a glória de Deus foi vista, a palavra de Deus foi ouvida (Êxodo
20.18) por Moisés (Números 7.89) e pelos profetas. As manifestações de Deus
nunca foram exibições mudas, porque Ele engrandece sua palavra acima de todo o
seu nome. O que foi visto sempre teve o propósito de abrir caminho ao que foi
dito. Saulo [...] ouviu uma voz. Veja que a fé vem pelo ouvir. Por conseguinte,
o Espírito é recebido pelo ouvir da fé (Romanos 10.17; G13.2). A voz que ele
ouviu era a voz de Jesus. Quando ele viu aquele Justo, ouviu a voz da sua boca
(cap. 22.14). Veja que a palavra que ouvimos tem maior probabilidade de nos
beneficiar quando a ouvimos como a voz de Jesus (1 Tessalonicenses 2.13). Chamar
duplamente: Saulo, Saulo, indica, em primeiro lugar, o sono profundo em que
Saulo se encontrava. Ele precisava ser chamado muitas vezes, como ocorre em
Jeremias 22.29: Ó terra, terra, terra! Em segundo lugar, a preocupação amorosa
que o santo Jesus tinha por Saulo e por sua recuperação. Ele fala como alguém
que é sincero. E como Marta, Marta (Lucas 10.41), ou Simão, Simão (Lucas
22.31), ou Jerusalém, Jerusalém (Mateus 23.37). Ele fala com ele
como com alguém que está em perigo iminente, a beira da cova, prestes a cair: “Saulo,
Saulo, tu não sabes para onde estas indo. Ou: O que tu estas fazendo? Você está
perseguindo a Cristo! ” Afinal perseguir a igreja é perseguir Cristo. Perseguir
os membros do Corpo é perseguir a Cabeça do Corpo. Perseguir a noiva é
perseguir o Noivo. Paulo não estava apenas se levantando contra homens, mas
contra o próprio Deus. Aqueles que ferem os santos de Deus tocam na menina dos
olhos de Deus, por isso ele ouve posteriormente: “ Dura cousa é recalcitrares
contra os aguilhões”.
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
11/10/2021
Fontes:
CABRAL, Elienai. Apóstolo Paulo – Lições da vida e
ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo. Rio de Janeiro:
CPAD, 2021.
LOPES, Hernandes dias. Paulo, o maior líder do cristianismo.
São Paulo: Hagnos, 2014.
SWINDOLL, Charles R. Paulo: Um homem de coragem e graça. São
Paulo: Mundo Cristão, 2003.
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