1 Coríntios 6.1 “Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos?”
“Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos,”
As contendas assim como os escândalos sempre vão existir: “Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! “ (Mateus 18:7). As contendas existem também dentro do lar. Existiu entre Caim e Abel, entre Esaú e Jacó, entre Absalão e Amnon, entre Sara e Hagar. Existe hoje entre marido e mulher, entre pais e filhos, filhos e pais, irmãos e irmãs.Há contendas entre as nações e há tensões e contendas também dentro da igreja.
A Bíblia registra alguns exemplos. Na igreja de Filipos existiam duas mulheres: Evódia e Síntique, que não pensavam concordemente no Senhor (Filipenses 4.2). Os próprios líderes, Paulo e Barnabé, em um dado momento da caminhada missionária, tiveram desacordo e precisaram se separar, pois já não podiam caminhar juntos (Atos 15.36-40).
Isso acontece porque os crentes não são perfeitos. Eles formam uma comunidade de pessoas que ainda não estão prontas e acabadas. Alguém já disse que a igreja é uma fábrica de reciclagem de lixo, onde Deus está trabalhando. Deus está transformando gente complicada, torta, e doente existencialmente, em gente santa. Nós decepcionamos as pessoas e as pessoas nos decepcionam. Nós machucamos as pessoas e elas nos machucam. As tensões e as contendas sempre existiram. E elas ainda existem dentro da própria igreja. Nós temos queixas uns contra os outros “Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também” (Colossenses 3.13).
A situação em Corinto era tão grave, que além das contendas dentro da igreja, eles estavam arrastando os próprios irmãos para os tribunais do mundo, para julgar suas causas internas e domésticas de maneira secular. Essa é a realidade que Paulo constata na igreja. Triste realidade, porém um fato inegável. Hodge cita a máxima rabínica: “Um estatuto que obriga a todos os israelitas é que, se um israelita tem uma causa contra*outro, o processo não deve ser feito diante dos gentios.”
Paulo não quer dizer que não podemos usar os tribunais civis ou criminais em situações sérias que envolvam incrédulos. Nem quis dizer que os juízes pagãos nunca davam um veredicto ou decisão justa. Mas os casos entre crentes seriam observados pelo mundo pagão, que então ficaria a questionar o amor cristão proclamado pelos crentes coríntios. Este prospecto horrorizava Paulo. Levar os problemas internos da igreja para os tribunais de fora da igreja é um fraco testemunho do evangelho. O lugar de tratar dos assuntos domésticos é em casa. Paulo pergunta: “Mas irá um irmão a juízo contra outro irmão, e isto perante os incrédulos?” (v.6).
“...e não perante os santos?”
Os crentes que levavam seus problemas internos e seus relacionamentos machucados para resolvê-los fora da igreja estavam fracassando em viver a sua posição em Cristo. A igreja não estava entendendo a posição que ela ocupava aos olhos de Deus.
Paulo queria que a Igreja coríntia procurasse seus membros sábios para arbitrar as diferenças entre eles. Um dia, os crentes cristãos tomarão parte no governo do mundo (Mateus 19-28; 2 Timóteo 2.12; Apocalipse 22.5). O apóstolo Paulo pergunta: “Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois, acaso, indignos de julgar as coisas mínimas? (v.2).
Em comparação com esta grande responsabilidade, as questões que os crentes estavam levando perante os juízes pagãos eram “triviais”. Com certeza, os crentes já deviam ser competentes para julgar tais casos. Paulo reforça este pensamento declarando que nós também “havemos de julgar os anjos” (v.3). Isso deve nos fazer sentir ainda mais competentes para julgar as coisas da vida cotidiana
DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
30/07/2025
FONTES:
GONÇALVES, José. A igreja em Jerusalém – Doutrina comunhão e fé: A base para o crescimento da igreja em meio as perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.
LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios: como resolver conflitos na igreja. São Paulo: Hagnos, 2008
HORTON, Stanley. I e II Coríntios – os problemas da igreja e suas soluções. 3.ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
Nenhum comentário:
Postar um comentário