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sábado, 12 de abril de 2025

João 15:1

João 15:1 “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.”

 

“Eu sou a videira verdadeira, ”

Tal como fazia com frequência, nesta passagem Jesus trabalha com imagens e ideias que formavam parte da herança religiosa do povo judeu. No Antigo Testamento se faz referência a Israel uma e outra vez como a vinha ou a videira de Deus. Isaías apresenta uma grande imagem de Israel como a vinha de Deus. “A vinha do SENHOR dos Exércitos é a casa de Israel” (Isaías 5:7).

Tanto era assim, que a vinha se converteu num símbolo de Israel: “Trouxeste uma videira do Egito”, cantou o salmista pensando na libertação de seu povo escravizado levada a cabo por Deus (Salmo 80:8). O emblema nas moedas dos macabeus era a vinha. A vinha formava parte do imaginário judaico; pois se tornara o próprio símbolo do povo de Israel.

Por que Jesus afirmou ser a “videira verdadeira”? Porque as coisas boas desta terra não passam de sombras das realidades eternas. O pão natural que alimenta o corpo não passa de um imperfeito símbolo de Cristo, o verdadeiro Pão que alimenta a alma. A água natural, que satisfaz a sede do corpo, é apenas um a leve sugestão de Cristo, a Agua Viva, que satisfaz a sede da alma. O Senhor, dizendo ser a Videira verdadeira, ensinando que, assim como a videira natural é a fonte de vida e fruição para seus ramos, também era Ele a verdadeira fonte da vida frutífera dos seus seguidores.

Barclay explica que quando Jesus afirma ser a videira verdadeira está fazendo contraste com o povo de Israel. "Vocês creem que porque pertencem ao povo de Israel são um ramo na videira verdadeira de Deus. Vocês creem que só porque são judeus e membros do povo eleito de Deus e devido a sua raça vocês são um ramo na videira de Deus. Mas a verdadeira videira não é o povo. Eu sou a videira verdadeira. Não é o fato de ser judeu o que os salvará. A única coisa que pode salvá-los é manter uma comunhão íntima e viva comigo porque eu sou a videira de Deus. E vocês devem ser ramos unidos a mim." Jesus estabelecia que o caminho rumo à salvação de Deus não passava pelo sangue judeu mas sim pela fé nele.

 

“... e meu Pai é o lavrador. ”

Nestas palavras, Deus é descrito com o sendo Dono e Cultivador da vinha, com o exercício das seguintes funções segundo Myer Pearlman:

1) Ele plantou a videira, ou seja, foi Ele quem enviou seu Filho a este mundo para ser fonte de vida: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16)

2) Ele corta os ramos infrutíferos:Toda a vara, em mim, que não dá fruto, a tira". Assim como se remove os ramos inúteis, também são removidos os cristãos professos que não têm vida espiritual. Foi este o juízo divino pronunciado contra a nação de Israel (Eclesiastes 13.6-10; Romanos 11.17-21). Judas Iscariotes é exemplo destacado de alguém que foi cortado do convívio com Cristo (Atos 1.16-20).

3) Ele limpa (poda) o ramo frutífero: E limpa ioda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto”. Poderíamos supor que os ramos frutíferos ficariam livres da severidade, por serem motivos de satisfação para o Agricultor. No entanto, assim como videiras boas são podadas sem hesitação, a fim de concentrarem a seiva nos cachos, também os filhos de Deus muitas vezes recebem severas disciplinas a fim de se tornarem mais eficazes na obra cristã. Mediante a aplicação da disciplina, o Pai remove da alma humana os empecilhos à vida e ao crescimento, as ambições desta vida, a traiçoeira influência das riquezas, as concupiscências da carne e as paixões da alma (Hebreus 12.6-11).

Sobre essa limpeza Cristo tranquiliza seus discípulos: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado”. Tinham seguido os seus ensinos, estavam em comunhão com Ele (João 13.8-1 1).

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
15/04/2025

FONTES:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez Carne – Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

PEARLMAN, Myer. João o evangelho do Filho de Deus. Rio de Janeiro, CPAD, 2024.

BARCLAY, William. The Gospel of John - Tradução: Carlos Biagini.

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