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sábado, 16 de novembro de 2024

Isaías 9.6

Isaías 9.6 “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. ”

 

“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, ”

Este versículo é um dos grandes pronunciamentos messiânicos, e as tentativas de fazê-lo ajustar-se à época de Isaias por teólogos liberais fracassam miseravelmente. Estamos acostumados a usar os títulos de Cristo nele descritos por causa de nosso condicionamento cristão. Para os judeus, entretanto, essas eram declarações extraordinárias e quase impronunciáveis. Jesus foi condenado exatamente por isso: as reivindicações que fez sobre Si mesmo pareciam grandes demais. Por isso, julgou-se que Ele blasfemava de Deus, tomando para Si mesmo mais do que um homem poderia tomar.

O Messias viria a nós como um menino. Mas Ele viria em primeiro lugar ao remanescente de Israel: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1.11). “Um filho” refere-se a profecia de Isaías 7.14, Emanuel, “Deus conosco”. Essa profecia aponta para o nascimento virginal de Cristo, a sua encarnação, uma das grandes doutrinas cristãs. A encarnação foi a rota escolhida por Deus para Sua manifestação (Semente da mulher). Da mesma sorte que Ele compartilhou nossa natureza humana, também um dia haveremos de compartilhar Sua divindade, nossa mais elevada doutrina cristã: “Pelas quais nos são dadas grandíssimas e preciosas promessas, para que por meio delas sejais participantes da natureza divina” (2 Pedro 1.4).

 

“... e o principado está sobre os seus ombros, ”

A realeza era simbolizada por um cetro sobre o ombro do rei. O governo estando “sobre os seus ombros” significa que Ele será rei. Diz aqui o hebraico, literalmente: "a carga da autoridade" (governo), ou seja, a chave estaria em Seus ombros: “E porei a chave da casa de Davi sobre o seu ombro, e abrirá, e ninguém fechará; e fechará, e ninguém abrirá” (Isaias 22.22).

Isso confirma a autoridade de Cristo vislumbrada pelo apóstolo João a igreja de Filadélfia: “Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha e ninguém abre” (Apocalipse 3.7). Nesse contexto, Ele é descrito como um governante da família de Davi.

 

“... e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, ”

A expressão “o seu nome será” é de grande significância. Nomes bíblicos indicam “o caráter,
a essência ou natureza de uma pessoa...”Isto certamente é verdadeiro quanto aos nomes

aplicados ao Messias. Analisemos os nomes aplicados a Ele nesta passagem.

Champlin diz que é melhor entender as duas palavras como um único título. Terry Briley observou que: “o título poderia ser traduzido literalmente por ‘Maravilha de Conselheiro’”. Todavia, Maravilhoso” e “Conselheiro” não são colocados juntos por eruditos hebreus antigos.

Maravilhoso é a prova clara de que o Messias iria transcender os limites da compreensão e existência humanas comuns: “Quem entre os deuses é semelhante a ti, Senhor? Quem é semelhante a ti? Majestoso em santidade, terrível em feitos gloriosos, autor de maravilhas? ” (Êxodo 15.11 NVI). Por exemplo, os milagres que os Evangelhos relatam acerca de Jesus, o Messias, deixaram claro que Ele era extraordinário, ou seja, não é comum aos seres humanos caminharem sobre as águas ou ordenar aos mortos para que voltem à vida (João 11.1-46). E o que dizer da sua morte e ressurreição?

A característica de Conselheiro é indispensável aos reis, especialmente quando se trata do Rei dos reis e Senhor dos senhores, que governará eternamente. Desde o Antigo Testamento ao Novo Testamento, observamos que Deus sempre deixou claro que o Messias seria amante da sabedoria (Provérbios 8; Isaías 11.2). Essa sabedoria é notável ao percebermos que, até mesmo quando criança, antes de dar início ao seu ministério, Jesus já se sentava para gastar tempo com os doutores, ouvindo-os e interrogando-os (Lucas 2.41-52). Jesus insinua que Ele é o “Conselheiro” quando chama o Espírito Santo de “outro” Conselheiro (João 14 .16).

 

Deus Forte,

Conselho e força precisam andar juntos; se faltar um, o outro qualificativo perde sua importância. Contrapondo a fraqueza dos governantes que oprimiram os fracos e desvalidos, mas também se sobrepondo aos países que oprimiram Israel, como Assíria e Babilônia, agora o Deus Forte assume o controle. Ele tem todo o poder e pode governar (Isaías 10.1,2).

Deus é infinitamente mais forte que todos os inimigos e vai dar descanso ao seu povo. Além disso, é na força de Deus que o Messias, também sendo Deus, imporá a justiça e o direito, ninguém mais oprimirá seu próximo, pois a equidade é estabelecida. Ele é forte o suficiente para estabelecer a tão esperada paz. Jesus na sua ressurreição afirmou: “É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mateus 28.18).

 

Pai da Eternidade,

Pai da Eternidade poderia ser traduzido “Autor da Eternidade [ou, “do Universo”]. Isto se ajusta com João 1.3, onde o Verbo vivo é aquele por intermédio de quem Deus fez tudo o que foi feito. Isto também fala de seu cuidado fiel e amoroso, que é perpétuo.

Ele contrapõe a efemeridade de tudo que é humano, “e ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele” (Colossenses 1.17). Exatamente por Ele ser eterno, sem começo nem fim, é que é o Deus Forte que controla e mantém todas as coisas em seu devido lugar, com todas as leis da natureza por Ele criadas e sustentadas. Antes que houvessem sido criados céus e terra Ele já existia (João 1.1), pois Ele criou a própria eternidade. Além disso, Ele existirá para todo o sempre, numa perpetuidade de poder, glória e majestade: “Eu Sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim” (Apocalipse 22.13).

 

Príncipe da Paz. ”

Ele também é o “Príncipe da Paz”, aquele que traz a verdadeira paz — a qual inclui salvação, bênção, integridade, harmonia, e bem-estar — uma paz que Jesus dá agora (João 14.27).

Em hebraico paz é mais do que estado de tranquilidade, mas também sugere prosperidade, espaço, riqueza, saúde, bem-estar, felicidade e contentamento. Contrapondo o ambiente de guerra, desolação, violência e injustiça, o Messias traria uma paz perpétua que nenhum poder ou inconveniente poderia tirar. A paz do Príncipe seria muito mais do que ausência de guerras e violência, mas também de provisão inesgotável de salvação e bênçãos para o povo de Deus, pois somente onde há completa libertação e abundância da bondade de Deus é que se estabelece a paz.

O mundo inteiro anseia por paz. Hoje existem mais conflitos do que jamais houve na terra, não somente bélicos, mas também na sociedade violenta e nas famílias disfuncionais. Mas o Príncipe da Paz estabelece sua paz àqueles que hoje se entregam ao seu governo e num futuro próximo dará paz completa para toda a sociedade e todos os povos e nações da terra, conforme diz o salmista em Salmos 72.12-14: “Porque ele livrará ao necessitado quando clamar, como também ao aflito e ao que não tem quem o ajude. Compadecer-se-á do pobre e do aflito, e salvará as almas dos necessitados. Libertará as suas almas do engano e da violência, e precioso será o seu sangue aos olhos dele”.

E notável e inexplicável que este tão augusto versículo não tenha sido citado uma vez sequer em todo o Novo Testamento. Por outro lado, ele tem feito parte da cristologia desde o princípio.

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
18/11/2024

FONTES:

RENOVATO, Elinaldo. As Promessas de Deus - Confie e Viva as Bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. Rio de Janeiro: CPAD, 2024.

POMMERENING, Claiton Ivan. Isaías –Eis-me aqui, envia-me a mim. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

 http://www.biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201006_02.pdf

HORTON, Stanley. Isaías - O profeta messiânico. Rio de Janeiro: CPAD, 2016.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.

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