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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Hebreus 11.1

Hebreus 11.1 “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem. “


Este é o mais lido e conhecido dos 13 capítulos da Epístola aos Hebreus. Alguns escritores da Bíblia o tem denominado de “A Galeria dos Heróis da Fé”, visto que ela (a fé) encontra-se presente do começo ao fim deste capítulo, marcando cada acontecimento. Tudo aqui se dá pela fé. A expressão “pela fé” aparece cerca de 20 vezes, para mostrar o que a fé representa para a vida religiosa.

Mais do que um conceito, o autor faz aqui uma afirmação sobre a fé que é oposta àquela que estava sendo demonstrada por seus leitores. Os Hebreus davam sinal de fraqueza espiritual justamente porque estava faltando-lhes a fé. O substantivo grego pistis, traduzido aqui como "fé”, ocorre 243 vezes no Novo Testamento; 30 vezes somente em Hebreus, sendo que, somente no capítulo 11, há o registro dessa palavra 24 vezes.


“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam...” 

A palavra grega traduzida aqui como "fundamento", tem, no texto grego, o sentido de certeza, confiança, segurança. A ARA traduz o termo como certeza: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam”. Nesse sentido, era usada como atestação ou garantia de uma propriedade. Para o autor, a fé era como ter em mãos um documento que atestava a posse de determinado objeto. A fé nos provê uma garantia da recompensa celestial já agora. Não se trata de uma confiança sem provas; a fé é uma confiança sólida baseada num firme fundamento.

A fé é a nossa certeza (confiança) em relação à nossa esperança. Sem esperança, seríamos desgraçados diante de nossos problemas com o mundo: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Coríntios 15:19). É uma confiança baseada não em mero querer, mas nas promessas de Deus.

Fé não é “confiança em si mesmo”, “pensamento positivo” ou “salto no escuro”. A fé, como descrita pelo escritor bíblico, é uma confiança inabalável no caráter de Deus e em sua Palavra, isto é, porque Deus falou, então, nós acreditamos. Essa confiança é fruto da convicção de que Aquele que prometeu irá cumprir o que disse no tempo determinado, pois Ele é fiel, justo, verdadeiro e imutável: “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17)

Não pode haver esperança real sem fé, e não pode haver fé real sem esperança. Esperar coisas “que não se veem” é antecipar algo melhor: “Pereceria sem dúvida, se não cresse que veria a bondade do Senhor na terra dos viventes” (Salmos 27:13). Foi essa fé que tornou o céu algo real para Abraão:“Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus” (Hebreus 11:10).

Esse capítulo fala de muitos que agiram “por fé”. A ação obediente resultou da confiança em Deus e em Suas promessas. Deus disse, eu creio e isso basta, é um raciocínio simplista, mas esta frase contém a essência da "fé”.


“... e a prova das coisas que se não veem. “

O termo grego traduzido aqui como "prova”, tem o sentido de "evidência” ou “convicção”. A visão física produz a convicção ou a prova das coisas visíveis; a fé é o órgão que capacita as pessoas a verem a ordem invisível: “Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. ” (Hebreus 11:13 RA)

Aqui temos um ponto muito importante a considerar. Pessoas há que manipulam este texto para justificar a prática mística do que eles chamam de visualização mental para obtenção do que se deseja. Nesse meio estão certas ramificações da Confissão Positiva.

Tal prática não tem apoio nas Escrituras Sagradas. No contexto do capítulo 11 de Hebreus, “as coisas que não se veem” são as coisas de Deus, “os bens futuros” (Hb 9.11), “as melhores promessas” (Hb 8.6). Isso porque tais “coisas” foram prometidas por Deus em sua Palavra, e esta não pode falhar em nenhuma hipótese.

Há “crentes” que, iludidos pelo seu próprio coração, asseveram que podem aplicar esse texto (v.1) a qualquer coisa. Por exemplo: “eu creio que Deus vai me dar um carro novo, e uma bela casa”. Ora, isso é um desejo, mas não uma promessa de Deus. Pode tornar-se real ou não. É algo condicional e circunstancial.

Paulo exorta o cristão a não atentar “nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; por que as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Coríntios 4.18). Aqui, o apóstolo apresenta o contraste entre as coisas visíveis e as invisíveis, as coisas temporárias e as que são eternas. Assim sendo, a orientação paulina ratifica que o crente deve estar sempre de bom ânimo, “porque andamos por fé e não por vista” (2 Coríntios 5.7).

Na marcante comparação anotada por Paulo, duas diferentes visões estão envolvidas: (1) o que pode ser visto pelo olho humano e (2) o que pode ser visto somente pelos olhos espirituais — aquilo que é efêmero e aquilo que é permanente; as coisas terrenas como um processo de dor inevitável, e a celestial como suprema esperança de vida eterna isenta de aflições (Isaías 25.8). Acerca dessa expectativa, o apóstolo acrescenta: “Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra” (Colossenses 3.2). Desse modo, devemos desenvolver uma visão “espiritual” que mantenha um foco firme não no mundo visível desta vida temporal, mas no invisível mundo eterno. Através da fé entendemos que todas as coisas visíveis são resultado de uma ordem do nosso Deus invisível: “Pela fé (Moisés) deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível” (Hebreus 11:27).

 

DEIVY FERREIRA PANIAGO JUNIOR
22/8/2023

FONTES:

BAPTISTA, Douglas. A igreja de Cristo e o império do mal – Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

http://biblecourses.com/Portuguese/po_lessons/PO_201407_01.pdf

SILVA, Severino Pedro da. Epístola aos hebreus: as coisas novas e grandes que Deus preparou para você. Rio de Janeiro: CPAD, 2003

GONÇALVES, José. A supremacia de Cristo: Fé, esperança e ânimo na carta aos Hebreus. Rio de Janeiro: CPAD,2017.

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