TEXTO ÁUREO “Porque a
nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência
" (1 Tessalonicenses 2.3)
Paulo inicia o segundo capítulo
de sua primeira epístola aos tessalonicenses destacando a natureza abnegada de
seu ministério entre aqueles irmãos. Mais que um autoelogio narcisista, essa
apologia paulina ao seu ministério pessoal — atitude que ele também toma ao
escrever para outras igrejas (2 Coríntios 12.11-21; Gálatas 6.14-18) — é um
registro histórico do modelo inspirativo de ministro no cristianismo primitivo.
Mesmo tendo vivenciado uma experiência extremamente traumática em Filipos
(acusação de perturbação pública, prisão, açoite, detenção inapropriada, etc.),
o apóstolo persistiu na obediência à visão que Deus concedera a ele (Atos 16.9)
e iniciou a evangelização em Tessalônica. Não era ganância ou benefícios
pessoais que moviam o coração de Paulo para a realização desse serviço ao Reino
de Deus, e sim o amor às pessoas e a confiança de que o Senhor que vocaciona
também é o que supre todas as necessidades daquele que se dedica liberalmente à
obra.
“Porque a nossa exortação não foi com engano, “ A palavra
“exortação” usada por Paulo, indica apelo, tendo como objeto o benefício dos
ouvintes, e que pode ser exortativo ou conciliatório, conforme as
circunstâncias. A palavra era utilizada para encorajar soldados antes da
batalha, e se dizia que o encorajamento era necessário para soldados pagos, mas
desnecessária para os que lutavam por suas vidas e seus países. Ele não usava
de engano. A primeira coisa que Paulo faz é reafirmar a veracidade de sua
mensagem, quando diz: “a nossa exortação não procede de engano”. A
mensagem de Paulo não era criada por ele, mas recebida de Deus. Seis vezes
nesta carta, ele menciona esse auspicioso fato de que havia recebido o
evangelho de Deus e não de homens: ‘Porque eu recebi do Senhor o que também
vos ensinei” (1 Coríntios 11:23).
“...nem com imundícia, “ É
geralmente reconhecido que o pensamento aqui não se refere à impureza física ou
ritual, mas, sim, à impureza moral. Em 1 Tessalonicenses 4:7 está escrito: “Porque
não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação” Paulo a
contrasta com a santidade. Paulo vivia uma vida pura. Ele deixa claro o motivo
pelo qual realizava seu ministério. A sua exortação não procedia de impureza.
Alguns acusavam Paulo de estar fazendo a obra com a motivação errada. Porém,
seus motivos eram puros diante de Deus e dos homens. Uns pregavam a mensagem
errada com a motivação errada; outros pregavam a mensagem certa com a motivação
errada: “Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia,
mas outros de boa vontade; Uns, na verdade, anunciam a Cristo por contenção,
não puramente, julgando acrescentar aflição às minhas prisões. Mas outros, por
amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho” (Filipenses 1:15-17),
mas Paulo pregava a mensagem certa com a motivação certa.
“...nem com fraudulência " Outro aspecto relevante que o
apóstolo faz questão de apresentar para diferenciar-se dos falsos profetas que
já se introduziam naquela comunidade. É a transmissão das verdades do Reino
feita sem segundas intenções (dolo). Diferentemente de determinados
contemporâneos seus, Paulo anunciava as palavras de Jesus sem a expectativa de
um “retorno financeiro”. Não havia bajulação ou charlatanismo na mensagem
apostólica: “Porque, como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisonjeiras,
nem houve um pretexto de avareza; Deus é testemunha” (1 Tessalonicenses
2:5). Além de suas próprias consciências e corações que estavam diante de Deus,
Paulo e sua equipe dispunham ainda do unânime testemunho dos tessalonicenses
que referendavam uma postura não mercenária e não ambiciosa: “Porque bem vos
lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia,
para não sermos pesados a nenhum de vós...” (1 Tessalonicenses 2:9). Paulo
não fora a Macedônia para entesourar riquezas humanas; não era seu objetivo
fazer um “pé-de-meia” para sua vida apostólica. O evangelho foi anunciado sem
ganância ou bajulação, tendo Deus como testemunha.
DEIVY FERREIRA
PANIAGO JUNIOR
17/7/2023
FONTES:
BAPTISTA, Douglas. A igreja de Cristo e o império do mal –
Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. Rio de Janeiro:
CPAD, 2023.
BRAZIL, Thiago. A igreja do arrebatamento – o padrão dos
Tessalonicenses para os últimos dias. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
CLARO, Francisco Eloi Martinho Prior. Marcas helenistas na
Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses: A inculturação no primeiro
escrito bíblico cristão. Dissertação (Mestrado em Teologia). Porto, 2017.
LOPES, Hernandes Dias. 1 e 2 Tessalonicenses: (como se preparar para a segunda vinda de Cristo). São Paulo: Hagnos, 2008.
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