(Texto Áureo) “E impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam. ” (Atos 19.6)
Ao chegar a Éfeso, na sua segunda
viagem missionária, Paulo deparou-se com um grupo de discípulos que seguiam o
ensino de Apolo e que foram batizados com o batismo de arrependimento de João
Batista. Apolo era um judeu de Alexandria, no Egito, e era muito culto e
eloquente. Era um homem com profundo conhecimento das Escrituras, com uma
índole boa e honesta. Entretanto, tudo o que conhecia sobre o Messias era o que
tinha aprendido com João Batista. Ele conhecia os fatos da vida de Jesus, mas
ainda não sabia sobre a morte e ressurreição de Jesus. Áquila e Priscila,
então, fizeram-no conhecer a verdade sobre Jesus e instruíram-no acerca disso.
Portanto, os discípulos que estavam em Éfeso ouviram falar de Jesus, mas não
conheciam a doutrina de Cristo. Eles haviam crido (Atos 19.2) em Cristo e
sabiam que havia uma promessa do Espírito Santo, mas nada sabiam da experiência
do Pentecostes. Paulo percebeu que, a despeito de terem crido no Cristo das
Escrituras, eles não haviam recebido o poder do Espírito para tornarem-se
testemunhas de Cristo. Paulo grupo de discípulos: “Recebestes vós já o Espírito
Santo quando crestes? ”. A resposta desses discípulos foi: “Nós nem ainda
ouvimos que haja Espírito Santo” (Atos 19.2).
“E impondo-lhes Paulo as mãos, ”
Paulo orou solenemente para que Deus desse a esses discípulos esses dons. É o
que significa a expressão impondo-lhes Paulo as mãos (v. 6), um gesto que os
patriarcas usavam para abençoar e sobretudo para transmitir a grande custódia
da promessa, como em Génesis 48.14. Sendo o Espírito a grande promessa do Novo
Testamento, os apóstolos o transmitiam pela imposição de mãos: “O Senhor te abençoe
com aquela bênção, a bênção das bênçãos” (Isaías 44.3). Paulo escreve à Timóteo
fazendo referência ao “dom de Deus”, que nele existia, pela imposição de mãos do
seu mentor espiritual “Por este motivo, te lembro que despertes o dom de Deus,
que existe em ti pela imposição das minhas mãos” II Timóteo 1.6). Esse “dom ”
(gr. charisma) era sem dúvida o “dom ” ministerial. A imposição de mãos sempre
foi um ritual de grande valor, na vida ministerial da igreja cristã.1 Jesus
usou as mãos para efetuar várias curas (Marcos 6.3; Lucas 4.40). Saulo foi
curado pela imposição de mãos de Ananias (Atos 9.17). Jesus impôs as mãos e
abençoou crianças (Marcos 10.16); o batismo com o Espírito Santo era ministrado
com imposição de mãos (Atos 19.6), como um a das formas de seu recebimento. A
consagração de obreiros era solenemente realizada com imposição de mãos do ministério
ou do presbitério (I Timóteo 4.14; II Timóteo 1.6), prática que é seguida,
hoje, em quase todas as igrejas evangélicas.
“...veio sobre eles o Espírito
Santo; “ Deve ser notado que os termos “veio” (derivado de erchomai) e “sobre”
(epi) são paralelos à linguagem precisa de Atos 1.8: “Mas recebereis a virtude
do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em
Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra”. Essa
linguagem conecta firmemente a experiência dos discípulos efésios com a
promessa de Jesus. Este derramamento do Espírito mostra que o batismo com o
Espírito é subsequente e distinto da conversão segundo a teologia de Lucas e
Paulo. Paulo espera que os crentes sejam cheios com o Espírito. O derramamento
do Espírito nos doze efésios deixa claro que o ensino e prática de Paulo são
consistentes com a teologia carismática de Lucas.
“...e falavam línguas e profetizavam. ” Aqui temos as consequências
imediatas deste batismo com o Espírito, as manifestações carismáticas de
línguas e profecia. A expressão “e profetizavam” não deve ser presumida a
indicar um sinal adicional. É paralela à expressão “magnificara Deus”
registrada em Atos 10.46. A atividade profética é realizada nos últimos dias
(cf. os acontecimentos do Dia de Pentecostes que mostram estreita relação entre
falar em línguas e profetizar). Semelhante aos discípulos no Dia de Pentecostes
e em Cesaréia, estas pessoas em Éfeso falam em línguas e dão louvores
inspirados a Deus depois de receberem o poder pentecostal do Espírito. Como os
outros derramamentos do Espírito, a evidência inicial da experiência
carismática dos crentes efésios é o falar em línguas (cf. Atos 2.4; 10.44-46).
Paulo instrui, batiza e impõe as mãos sobre eles, mas pela ação soberana do
Espírito profético eles são dotados com poder para o ministério. O Pentecostes
efésio não marca uma experiência de conversão, mas uma dotação do poder do
Espírito para divulgar o Evangelho.
Fontes:
CABRAL, Elienai. Apóstolo Paulo – Lições da vida e
ministério do apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo. Rio de Janeiro:
CPAD, 2021.
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